Foto divulgação/Brasilagro
Impulsionadas
pelo consumo asiático, principalmente da China,, as exportações brasileiras de
carne bovina bateram recorde neste início de ano. Os resultados projetam um
2022 favorável aos pecuaristas e frigoríficos.
Somente
em fevereiro, foram exportadas 182.341 toneladas de carne bovina (in natura e
processadas), conforme a Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos). O
resultado é recorde para o mês, e a receita alcançou US$ 975,8 milhões.
A
China não comprava do Brasil desde 4 de setembro, num embargo de mais de 90
dias motivado por dois casos atípicos da doença EEB (encefalopatia espongiforme
bovina), conhecida como "vaca louca".
O
retorno ao mercado ocorreu meses após a confirmação científica da OIE (sigla em
inglês para Organização Internacional de Saúde Animal) de que os casos não
traziam danos ao rebanho, por serem de geração espontânea e não contaminação.
Os
dados da associação de frigoríficos mostram que, só em fevereiro, houve um
aumento de 47% no volume e de 77% na receita em comparação com o mesmo mês do
ano passado. Ocorreu ainda um ciclo de expansão no mês anterior, inclusive no
preço médio das carnes.
Foram
exportadas 342,3 mil toneladas no primeiro bimestre deste ano, com faturamento
que atingiu US$ 1,78 bilhão, segundo a Abrafrigo, com dados da Secex
(Secretaria de Comércio Exterior).
O
preço médio da carne subiu 20% em dólares em relação ao início do ano passado.
A
China comprou 140,9 mil toneladas nos dois primeiros meses do ano, ou 41% do
total. Embora tenha visto sua participação recuar --era 47% em 2021--, o total
supera os embarques no mesmo período do ano passado, quando o país importou 119
mil toneladas.
Os
EUA são o segundo maior mercado neste ano, com 43,5 mil toneladas, ou 12,7% do
total, seguido pelo Egito, com 31.7 mil toneladas (9,3%), e Hong Kong.
A
redução percentual da China mesmo comprando mais significa que os exportadores
brasileiros conseguiram ampliar as vendas para outros destinos, entre eles a
Rússia. No total, houve alta nos embarques para 88 países, enquanto outros 36
compraram menos.
"O
gado, teoricamente, foi menos impactado nessa confusão, porque basicamente toda
a nossa produção é no pasto. O pessoal de aves e suínos acabou tendo um novo
impacto negativo, mais na perspectiva do que nos preços, por conta dos grãos. A
Rússia e a Ucrânia são relevantes em milho e trigo, e o cenário ficou bem mais
complicado", disse César Castro, especialista de agronegócio do Itaú BBA.
Com
a incerteza rondando trigo e milho, o risco para carnes acaba sendo indireto,
diz Castro. Haverá encarecimento em algum momento, o que vai pressionar ainda
mais o consumidor. "Boi, tudo que a gente tiver, acaba exportando para a
China."
Outros
mercados que figuram no alto do ranking são Hong Kong, Israel, Chile,
Filipinas, Emirados Árabes Unidos, Itália e Rússia.
"Mesmo
com a queda na perspectiva de crescimento econômico global [por conta da
guerra], o ano para as exportações de carne vai ser bom", disse Marcos
Fava Neves, docente da USP (Universidade de São Paulo) especializado em
agronegócios.
De
acordo com ele, os impactos da guerra poderão fazer a economia mundial crescer
de 0,8% a 1% a menos, o que significaria uma alta de cerca de 4% no ano.
"Isso
representa oportunidades boas para as carnes, principalmente a bovina e
predominantemente na Ásia, que vem batendo recordes de importações. É torcer
para que não tenha nenhum tipo de problema, embargo sanitário. Não tendo, deve
ser muito bom", disse Neves.
Castro
afirmou que o forte volume exportado, porém, tem suas consequências para os
frigoríficos que não vendem para o exterior, já que eles não conseguem
precificar a carne no mercado interno.
Com informações de Marcelo Toledo/FolhaPress.
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