Da Redação
O ministro Milton Ribeiro, da Educação, deve ser afastado do
cargo para tentar reduzir o desgaste do governo no caso dos pastores acusados
de negociar a liberação de verbas da pasta em troca de vantagem indevida.
Interlocutores
relataram à Folha de S.Paulo que Ribeiro discutiu o tema com o presidente Jair
Bolsonaro (PL). A ideia -dizem aliados- é que o titular da pasta argumente que
vai se licenciar do posto para se concentrar na sua defesa. Com a saída de
Ribeiro, o MEC deve ficar sob o comando do secretário-executivo, Victor Godoy
Veiga. Mas aliados do centrão já cobiçam o cargo.
Bolsonaro
disse na semana passada que bota a cara no fogo por Ribeiro.
A
pressão pela saída de Ribeiro se intensificou depois que, na segunda-feira (21),
a Folha revelou uma conversa gravada em que Milton Ribeiro afirma que o governo
prioriza os amigos de pastores que não têm cargo e atuam em um esquema informal
de obtenção de verbas do MEC (Ministério da Educação).
Os
pastores Gilmar Santos e Arilton Moura têm, ao menos desde janeiro de 2021,
negociado com prefeituras a liberação de recursos federais para obras de
creches, escolas, quadras ou para compra de equipamentos de tecnologia. Os dois
têm acesso livre no MEC, organizaram agendas com o ministro e negociavam
recursos do MEC em um hotel de Brasília, como a Folha mostrou.
Os
dois pastores têm proximidade com Bolsonaro desde o primeiro ano do governo. A
atuação dos religiosos foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
No
áudio obtido pela Folha, o ministro diz que a priorização ao amigos do pastor
Gilmar atende solicitação do presidente Jair Bolsonaro.
"Foi
um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão
do [pastor] Gilmar", diz o Milton Ribeiro na conversa em que participaram
prefeitos e dois religiosos.
Na
semana passada, Ribeiro negou em nota ter determinado alocação de recursos para
favorecer qualquer município. Ele afirmou que Bolsonaro não teria pedido para
que os pleitos dos pastores fossem atendidos, mas somente que todos os
indicados por eles fossem atendidos.
Também
na semana passada, em declaração ao jornal O Estado de S. Paulo, o prefeito
Gilberto Braga (PSDB), do município maranhense de Luis Domingues, afirmou que
um dos pastores envolvidos no esquema pediu 1 kg de ouro para conseguir liberar
verbas de obras de educação para a cidade.
Segundo
o gestor, o pedido foi feito em um restaurante de Brasília na presença de
outros políticos.
A
Folha confirmou o relato do prefeito com outras duas pessoas presentes no local
onde o pedido de propina foi feito.
As
revelações no MEC resultaram na instauração de apurações. A Polícia Federal
abriu na sexta-feira (25) dois inquéritos que miram a atuação dos pastores na
liberação de verbas MEC.
O
primeiro deles foi aberto na Superintendência da PF no Distrito Federal e irá
apurar as suspeitas apontadas em um relatório da Controladoria-Geral da União
sobre distribuições de verbas do FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da
Educação).
A
outra investigação foi instaurada na sede do órgão, no setor que cuida de
inquéritos que tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal), e tem como alvo o
ministro Milton Ribeiro e a fala dele em áudio revelado pela Folha.
No
caso do ministro, serão apuradas suspeitas de corrupção passiva, tráfico de influência,
prevaricação e advocacia administrativa.
O
inquérito que mira Ribeiro foi autorizado pela ministra Cármen Lúcia, do STF, e
atendeu a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Além
do flanco jurídico, o caso envolvendo Ribeiro e os pastores tem potencial de
prejudicar a campanha pela reeleição de Bolsonaro.
Pessoas
próximas ao presidente chegaram a aconselhá-lo desde que o caso eclodiu a
demitir o ministro da Educação, justamente para evitar o desgaste político.
Bolsonaro,
no entanto, resistiu a demitir o auxiliar.
O
principal argumento da ala que defende a demissão -ou ao menos o afastamento-
do ministro é que as suspeitas abalam o discurso repetido à exaustação por
Bolsonaro de que ele comanda um governo sem corrupção.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com / Siga o blog do professorTM/EJ no Facebook, e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.
Postar um comentário