© Felipe Rau/Estadão -
22/3/2021 João Doria, pré-candidato do PSDB ao Planalto; governador
paulista demonstra confiança num acordo para uma federação com o Cidadania.
O
PSDB aguarda a definição do Cidadania e espera em breve consolidar uma
federação partidária nas eleições deste ano. Para os tucanos, o acordo
simbolizaria a primeira convergência à pré-candidatura do governador de São
Paulo, João Doria. O partido presidido por Roberto
Freire, no entanto, terá de superar resistências internas. Na prática, como
o modelo só permite um candidato, a avaliação nas duas legendas é de que a
junção sepultaria a postulação do senador Alessandro
Vieira (SE), pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo Cidadania. As informações são do Estadão.
Ontem,
durante live promovida pelo grupo Parlatório, Doria voltou a defender a união
de pré-candidatos do “centro liberal-social” e disse que o PSDB “está
adicionando” o Cidadania. A executiva nacional tucana aprovou na semana
passada, por unanimidade, o entendimento para a formação de uma federação
partidária com o Cidadania.
O
governador paulista chegou a publicar uma mensagem cumprimentando o presidente
do PSDB, Bruno Araújo, e Freire “pela ótima decisão de criar uma
federação partidária”. A manifestação, contudo, foi prontamente contestada por
Vieira, que incluiu o Podemos – que tem como pré-candidato o ex-juiz Sérgio
Moro – como opção de acordo.
Para
o senador, a possibilidade de uma federação “exige ajuste coerente de programa
comum e garantia de mecanismos justos e transparentes de atuação conjunta
durante quatro anos, em especial para definição de candidaturas e formação de
chapas em todas as esferas, sem imposições”.
Amanhã,
a Executiva do Cidadania vai se reunir para convocar o diretório nacional – que
possui 112 integrantes – a decidir sobre a questão. Além de PSDB e Podemos, PDT
e MDB também dialogam com o Cidadania. Vieira vê resistência em ao menos seis
unidades da Federação – Paraíba, Rio, Pará, Minas Gerais, Distrito Federal e o
Acre. Já o deputado estadual João Vitor Xavier, presidente do partido em Minas
e contrário à federação, afirmou que 16 diretórios estaduais já manifestaram
resistência à aliança com o PSDB. Entre eles, Goiás, Paraná, Santa Catarina e
Sergipe.
‘Transparência’
Ao Estadão,
Vieira disse que “a resistência (à federação) é justa” e que, se a ideia for
adiante, precisa de “regras muito transparentes”. “Mas eu não vejo essas regras
postas e, se elas não forem colocadas com clareza, eu me posicionarei de forma
contrária”, afirmou o parlamentar, um dos expoentes do grupo Muda Senado,
criado em meados de 2019 com uma pauta de renovação das práticas políticas na
Casa e defesa do combate à corrupção.
Recentemente,
Vieira chamou atenção por sair em defesa de Moro e pedir que a
Procuradoria-Geral da República investigue o ministro do Tribunal de Contas da União Bruno Dantas por
suposto abuso de autoridade. Dantas é relator do processo no TCU que apura o
contrato de Moro com a consultoria Alvarez & Marsal.
Em
uma federação, os partidos não podem concorrer entre si nas eleições
majoritárias. Novidade na disputa deste ano, o modelo cria uma “fusão
temporária” entre as legendas que precisa durar pelo menos quatro anos. A
possibilidade foi criada pelo Congresso no ano passado e regulamentada por
resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para siglas
menores, a federação oferece a chance de escapar da chamada cláusula de
barreira, dispositivo que restringe a atuação parlamentar de um partido que não
alcançar determinado porcentual de votos.
No
retorno do recesso do Judiciário, o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá analisar nos
próximos dias uma solicitação de prorrogação do prazo para a formalização das
federações. O pedido para ampliar o prazo até 5 de agosto foi feito pelo PT,
que busca se unir ao PSB e a outros partidos de esquerda. O julgamento está
marcado para quarta-feira.
‘Convergência’
Freire
deixou claro a preferência por um acordo com tucanos. “Você tem que buscar na
federação um partido que tenha maior convergência e identidade com o Cidadania.
O Cidadania foi criado como sucessor do PPS numa ideia de renovação, abertura
de setores liberais da sociedade junto com a social-democracia. Isso também
está no PSDB”, declarou o líder.
“Se
eventuais dificuldades internas do Cidadania forem superadas, caminharemos para
uma federação de partidos que têm posições em comum e que estiveram juntos em
muitos momentos da história recente do País”, disse Araújo, presidente do PSDB.
“A união dos partidos está bem encaminhada”, disse o líder tucano no
Senado, Izalci Lucas (DF).
Dirigentes
estaduais do Cidadania, porém, têm se posicionado publicamente contrários à
união. Um congresso do diretório do partido no Pará aprovou, anteontem, moção
contra a federação com o PSDB. “Não é do interesse do partido em Minas Gerais.
O Cidadania de Minas tem um projeto próprio, está estruturado para disputar a
eleição. Uma junção com o PSDB implodiria o partido no Estado, não fica
ninguém”, afirmou Xavier.
Entraves
Interesses
locais também dificultam um acordo. Na Paraíba, os tucanos querem lançar o
deputado federal Pedro
Cunha Lima para o governo. Ele faz oposição ao governador João
Azevedo, único do Cidadania que ocupa a chefia de um Executivo estadual e que
busca a reeleição.
Na
pré-campanha de Doria, a prioridade é trabalhar por acordos com o tripé União
Brasil, MDB e Cidadania. Ontem, na live do grupo Parlatório, o presidenciável
tucano citou, além de Vieira, Moro e os também pré-candidatos Simone
Tebet (MDB) e Rodrigo
Pacheco (PSD). No caso do MDB, a senadora Simone Tebet (MS) tem
recebido apoio de tucanos históricos não alinhados ao governador paulista.
“Teremos
que ter competência, discernimento, paciência e humildade para construir essa
opção fortalecida”, disse Doria, que se descreveu como um “conciliador”.
Para ler mais acesse, www:
professortacianomedrado.com
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