Dois dias após vir à tona a informação de que havia cancelado ao
menos 25 decretos de luto editados por seus antecessores, o presidente Jair
Bolsonaro (PL) recuou da decisão e anunciou que tornaria sem efeito as
revogações dos atos, "independente do governo que os decretou ou da
personalidade homenageada." As informações são do FolhaPress.
Bolsonaro
anunciou a medida em uma rede social na noite deste sábado (29). Segundo ele,
haviam sido revogados "122 decretos relacionados a luto, sendo 25 deles em
nosso Governo".
A
seguir, o presidente cita decretos de luto revogados em 1991, durante o governo
de Fernando Collor de Mello, entre eles os de Tancredo Neves (morto em 1985),
Santos Dumont (morto em 1932) e dos ditadores Emílio Garrastazu Médici (morto
em 1985) e Castello Branco (morto em 1967).
Também
listou decretos revogados em 2020, já em seu governo, como os do rei Balduíno I
da Bélgica (morto em 1993), Padre Cícero (morto em 1934), Dom Helder Câmara
(morto em 1999) e Frei Damião (morto em 1997).
Na
postagem, Bolsonaro argumenta que as revogações tinham amparo legal.
"Tendo em vista o apelo popular para que todos esses Decretos
permanecessem vigentes, em respeito à história e à memória dos falecidos,
tornarei sem efeito as revogações dos 122 atos, independente do governo que os
decretou ou da personalidade homenageada", afirmou.
O
anúncio ocorre dois dias após Bolsonaro, que declarou luto oficial em apenas
duas ocasiões em seu governo e ignorou a morte de diferentes personalidade e de
vítimas da pandemia, cancelar ao menos 25 decretos de luto editados por seus
antecessores.
As
revogações ocorreram como parte da política apelidada pelo Planalto de
"revogaço", propagandeada pelo governo. Ela consiste em anular normas
"cuja eficácia ou validade encontra-se completamente prejudicada",
segundo a gestão Bolsonaro.
De
acordo com o governo, a cada 100 dias o governo promove um
"revogaço", com a finalidade de "racionalização,
desburocratização e simplificação do ordenamento jurídico".
Os
decretos de luto costumam perder efeito automaticamente tão logo o período de
pesar oficial é concluído. A decretação de luto oficial é um ato simbólico. A
determinação principal é que a bandeira nacional fique a meio mastro em todo o
país durante o período de pesar.
O
período de luto observado costuma variar de um a três dias. Em casos de pessoas
com "notáveis e relevantes serviços prestados ao país", o pesar pode
ser estendido por até sete dias.
O
ex-presidente Fernando Collor de Mello fez algo semelhante. Em 1991, ele editou
um decreto cancelando diversas honrarias a autoridades falecidas, como o
cardeal arcebispo de Salvador dom Avelar Brandão Vilela, concedida por José
Sarney cinco anos antes.
Nesta
semana, Bolsonaro declarou luto oficial pela morte do escritor Olavo de
Carvalho, guru e ideólogo do bolsonarismo.
Além
de Olavo, a única ocasião em que Bolsonaro estendeu honraria semelhante foi por
ocasião da morte do vice-presidente Marco Maciel, no ano passado.
Bolsonaro
contrasta com antecessores no Palácio do Planalto, que usaram o decreto de
pesar oficial em mais ocasiões. O ex-presidente Michel Temer (MDB) editou cinco
decretos de luto. Dilma Rousseff (PT) o fez em 11 episódios, e Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), em 22.
Para ler mais acesse, www:
professortacianomedrado.com
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