ORIENTE MÉDIO: Vitória abstrata, mortes reais: entenda o início e o cessar-fogo do mais recente conflito em Gaza


Da redação
Por: Taciano Medrado

O anúncio do cessar-fogo entre Israel e Hamas, nesta sexta (21), encerra o mais recente conflito na Faixa de Gaza. O fim dos bombardeios veio através da mediação do Egito e entrou em vigor durante a madrugada local – 20h de quinta (20), no horário de Brasília. Milhares de palestinos saíram às ruas da Faixa de Gaza e da Cisjordânia ocupada com bandeiras e o “V” de vitória. As informações são do site de notícias internacionais A Referência.

O conflito durou 11 dias e matou 243 palestinos, sendo 66 crianças, de acordo com a Associated Press. Do lado de Israel, são 12 mortos, incluindo dois menores. Em Gaza, a população enfrenta um cenário desolador no território já empobrecido, que acaba de perder parte da escassa estrutura comercial e residencial.

Pelo menos 30 instalações de saúde estão danificadas e há mais de 8,5 mil feridos, registrou a OMS (Organização Mundial da Saúde). O número de deslocados chega a 91 mil após os combates mútuos mais intensos desde 2014, registrou a agência catari Al-Jazeera.

De quem é a vitória?

Tanto Israel quanto o Hamas declaram-se vitoriosos no conflito, que teve início com a ameaça de despejo de famílias palestinas de Sheikh Jarrah, um bairro fora dos muros da Cidade Velha de Jerusalém. O movimento islamista alega que o cessar-fogo vem acompanhado da suspensão dos despejos, o que Tel Aviv nega.

No mais, o Hamas reivindica o posto de legítimo defensor do povo palestino – uma clara resposta ao Fatah, seu principal rival pelo domínio da Autoridade Palestina.

No lado israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ganha tempo no poder. A ofensiva em Gaza destruiu as chances de seu rival Yair Lapid formar um novo governo, segundo a Foreign Policy. Caso Israel realize sua quinta eleição em dois anos, Netanyahu mantém as expectativas de que os eleitores recompensem sua posição linha-dura retomando o apoio ao partido conservador Likud, do qual é líder.

O início do conflito

O confronto entre Hamas e Israel escalou em 10 de maio, Dia de Jerusalém. O feriado nacional israelense, que celebra a libertação da cidade e sua reunificação após a Guerra dos Seis Dias, foi marcado neste ano por uma salva de foguetes disparados pelo Hamas. Jatos e helicópteros israelenses foram rápidos na resposta e logo passaram a mirar seus mísseis contra Gaza.

Antes disso, porém, a tensão já era alta na região disputada. Tel Aviv impôs restrições aos palestinos durante o mês sagrado do Ramadã e ameaçou famílias palestinas de expulsão por causa de um litígio judicial. Protestos irromperam em torno da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, deixando 90 feridos.

Israel e Egito mantêm Gaza sob bloqueio desde 2007. Em consequência, o movimento de mercadorias e pessoas é restrito e há frequentes cortes de energia e comunicação. O bloqueio tinha como objetivo forçar a saída do Hamas do poder. O grupo passou a governar a Autoridade Palestina em 2006.

Desde então, as diferenças entre os movimentos partiram em dois o território palestino. Enquanto a Fatah controla a Cisjordânia, o Hamas domina a Faixa de Gaza. Os grupos chegaram a concordar sobre a realização de eleições no território depois que Israel restabeleceu relações com alguns países árabes em 2020. O processo está emperrado.

Assim, o Hamas enraizou seu poder, e a fragilidade dos 2 milhões de habitantes de Gaza não é capaz de expulsá-lo. Com uma faixa etária média de 18 anos, pelo menos 47% da população está desempregada, e a maioria depende de ajuda humanitária para sobreviver.

Futuro incerto

Não há como precisar por quanto tempo o cessar-fogo permanecerá em Gaza. Nesta sexta (21), a polícia israelense respondeu com gás lacrimogêneo aos palestinos que celebravam o fim do conflito na mesquita de Al-Aqsa.

A única certeza, até agora, é do longo caminho até a reconstrução de Gaza. Matthias Schmale, diretor da Unrwa (Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos), diz que serão necessários alguns anos até a reconstrução de todas as 16,8 mil residências destruídas ou danificadas nos bombardeios.

“Mas o maior dano de tudo isso é o trauma”, disse. “Edifícios você pode reconstruir. Mas na vida das pessoas, isso não será fácil”.


Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com

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