ENSINO REMOTO : 4 dicas de professor para professor de como desenvolver projetos.

Troca de experiências entre colegas gera novas ideias e criações.   Crédito: Getty Images

Por: Arabelle Calciolari

Professora de Língua Inglesa na EMEB Maria Angélica Lourençon, em Jundiaí (SP). Em 2019, Arabelle foi uma das 10 vencedoras do Prêmio Educador Nota 10 com o projeto “Os Beatles – seu tempo e sua história”.

É difícil expressar como esse ano de 2020 foi difícil para nós, professores. Ficamos sobrecarregados, passamos por momentos de cansaço, desânimo e indignação. Mas também foi um ano de muito aprendizado e coragem. Muitos professores se viram tendo que se adaptar à uma nova realidade profissional em plena pandemia. De repente, não era mais possível trabalhar com os alunos do mesmo modo que há tanto tempo fazíamos.

Diante da necessidade de uma Educação remota, professores estudaram, assistiram tutoriais na internet, pediram ajuda e tentaram de várias maneiras superar sua falta de conhecimento com relação às novas tecnologias ou mesmo para inovar de forma off-line e remota. Houve também quem se apegou aos materiais fornecidos pela escola e se viu sozinho em aulas remotas com alunos presentes, mas desengajados com a proposta da aula. Todo dia é um desafio novo no ensino remoto.

Para mim, que sempre fui muito inquieta, trabalhar com projetos foi um jeito que descobri de mostrar aos alunos que podemos criar, recriar e fazer mudanças. Por isso, os projetos sempre complementam minhas aulas. Mas, como fazer um projeto – ainda mais no atual contexto, em que muitas escolas ainda estão trabalhando à distância e sem muitos recursos tecnológicos?

Primeiro, precisamos ter humildade suficiente para assumir que não sabemos como agir em determinados contextos e momentos, e que precisamos de ajuda! Isso mesmo: peça ajuda aos colegas que estão fazendo algo diferente, que tenham mais experiência com esse tipo de abordagem ou proponha parcerias, assim a troca de experiências gera novas ideias e criações. Na interação pode surgir uma sequência didática bacana ou até mesmo um projeto mais longo, inter ou multidisciplinar!

A segunda dica é: estude, estude, estude! Novamente, a troca com parceiros é muito importante, por isso, peça indicações de livros, sites ou cursos. Isso pode parecer óbvio, mas em meio a tanto trabalho, muitas vezes esquecemos que precisamos tirar um momento para estudar – e acredite: existem inúmeros cursos de boa qualidade que estão sendo ministrados de graça ou com valores bem baixos e que podem nos ajudar a desenvolver práticas diferentes com nossas turmas.

Outro passo significativo para realizar projetos envolventes é ouvir o aluno – e aqui é importante saber ouvir de verdade. Muito se tem falado sobre isso, mas ainda vemos professores que escutam, mas não ouvem seus alunos. Se o projeto dialoga com o interesse ou necessidade dos alunos, a chance de dar certo é muito maior.

Nesse processo, não deixe de trazer conhecimentos e habilidades que seus alunos precisam saber, conhecer ou ter contato. O importante é ter sensibilidade para conectar as propostas visando estimular a curiosidade e reflexão dos alunos. Eu, por exemplo, já desenvolvi um projeto sobre Shakespeare porque queria que meus alunos dos terceiros anos do Ensino Fundamental conhecessem o grande dramaturgo. Foi um tremendo sucesso, fazendo com que meus alunos quisessem ler as obras do autor.

Contudo tenho uma ótima experiência com um projeto sobre Hip Hop que partiu das crianças e foi realizado por mim em conjunto com a professora Mariana Gaspareli Maziero, de Educação Física. Tudo começou porque a criançada queria saber mais sobre o assunto e quando pediram para a professora trabalhar com o tema, eu fui convidada para compartilharmos essa empreitada. Diferente de todos os projetos que eu já havia feito, esse foi um grande desafio, pois eu não sabia nada do mundo do Hip Hop. Abri o jogo com as crianças e falei para eles que eu ia ter que estudar muito sobre o assunto antes de iniciarmos a sequência de atividades sobre Hip Hop. Embora tenha sido realizado em 2019, antes do coronavírus, ele fez tanto sucesso entre as crianças que outras turma nos pediram para participar também. Por isso, em 2020, em meio a toda essa confusão da pandemia, decidimos que nossos alunos não poderiam deixar a escola sem conhecer o mundo do Hip Hop.

Mas como poderíamos adaptar o projeto durante a pandemia?

Até aquele momento tínhamos feitos atividades impressas que eram entregues aos alunos por um sistema de drive thru na escola, além de vídeos que enviávamos pelo WhatsApp. Por isso, um projeto como esse que foi realizado durante meses na escola presencialmente, com participação de um bailarino e um coletivo, foi algo que nos fez perder o sono e quebrar a cabeça para planejar a adaptação.

Foi aí que surgiu a ideia de fazer uma aula experimental pelo Google Meet com as crianças. Essa aula foi muito proveitosa! Confesso que nem todos os alunos entraram na reunião, pois muitos não possuem aparelhos exclusivos e dependem da disponibilidade dos pais e responsáveis, no entanto, os que participaram tiveram uma atuação efetiva em todas as quatro aulas em que tratamos do projeto. Em uma delas, os alunos tiveram que expor o que pesquisaram sobre o Hip Hop e todo o universo que envolve o movimento; em outras atividades, eu e a professora de Educação Física discutimos as dúvidas da turma; e, na última aula, como fechamento da sequência, e Jensen Silva, o líder de um coletivo da nossa cidade (o Coletivo The King's), conversou com as crianças.

Essas aulas aconteceram com as turmas dos 4º e 5 anos, mas tivemos aulas diferentes com os 1º, 2º e 3º anos, turmas em que abordamos as questões raciais e de respeito às diferenças. Acredito que passei por esse momento da quarentena enquanto docente com mais leveza porque tive colegas professores que foram companheiros e que toparam criar projetos e atividades e compartilhar os desafios! Nós conversamos muito, dividimos materiais, estudos e até mesmo angústias. Dividir é preciso! E ter apoio nesse momento é algo essencial! Por isso, crie sua rede de compartilhamento e siga em frente com o coração aberto às novas experiências, sem se cobrar em ser perfeito, pois nesse processo devemos ser alunos e professores, aprendizes e mestres.

 Fonte: Nova Escola 


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