MUTAÇÃO: Qual é o risco trazido pela variante do coronavírus detectada na África do Sul?

Por que os especialistas estão preocupados com o surgimento dessa nova versão específica do coronavírus?

Da Redação
Por: Prof. Taciano Medrado

O que é a nova variante

Todos os vírus, incluindo o que causa a covid-19, sofrem mutação. Essas minúsculas mudanças genéticas acontecem à medida que o vírus faz novas cópias de si mesmo para se espalhar e prosperar

A maioria é irrelevante e algumas podem até ser prejudiciais à sobrevivência do vírus, mas outras podem torná-lo mais infeccioso ou ameaçador para o hospedeiro — os seres humanos.

Há agora milhares de versões diferentes, ou variantes, do vírus pandêmico em circulação. Mas as preocupações dos especialistas se concentram em um pequeno número delas. Uma delas é a variante sul-africana, chamada 501.V2.

O que dizem os especialistas?

A variante sul-africana carrega uma mutação chamada E484K, entre outras. É diferente de outra variante descoberta recentemente, que os cientistas têm estudado no Reino Unido.

Ambas as novas variantes da África do Sul e do Reino Unido parecem ser mais contagiosas, o que é um problema porque medidas de restrições mais duras à sociedade podem ser necessárias para controlar a disseminação do vírus.

Embora as mudanças da nova variante do Reino Unido não devam prejudicar a eficácia das vacinas atuais, há uma chance de que as da variante sul-africana possam afetar em parte, dizem os cientistas.

É muito cedo para dizer com certeza, ou em que medida, até que mais testes sejam concluídos, embora seja extremamente improvável que as mutações tornem as vacinas inúteis.

Os cientistas testaram a vacina da Pfizer contra uma das mutações encontradas na variante sul-africana, chamada N501Y, usando amostras de sangue de 20 pessoas.

Nesse estudo preliminar, a vacinação pareceu funcionar contra o vírus mutante.  Mais estudos são necessários, no entanto, porque a N501Y não é a única mudança pela qual a variante sul-africana passou.

"A variante sul-africana tem uma série de mutações adicionais, incluindo alterações em algumas das proteínas spike do vírus que são preocupantes", diz Simon Clarke, especialista em microbiologia celular na Universidade de Reading, no Reino Unido.

A proteína spike é o que o coronavírus usa para entrar nas células humanas. É também a parte em que se baseia o desenvolvimento das vacinas, razão pela qual os especialistas estão preocupados com essas mutações específicas.

"Elas causam alterações mais extensas na proteína spike do que as mudanças na variante de Kent (do Reino Unido) e podem tornar o vírus menos suscetível à resposta imunológica desencadeada pelas vacinas", explica Clarke.

"A mutação E484K demonstrou reduzir o reconhecimento de anticorpos. Desta forma, ajuda o vírus SARS-CoV-2 a contornar a proteção imunológica fornecida por infecção ou vacinação anterior", acrescenta o professor Francois Balloux, da University College London (UCL), no Reino Unido.

Mas mesmo no pior dos cenários, as vacinas podem ser reformuladas e ajustadas para se adequar melhor ao vírus em questão de semanas ou meses, se necessário, dizem os especialistas.

É mais perigosa?

Atualmente, não há evidências que sugiram que qualquer um dos vírus mutantes cause doenças mais sérias. E medidas como lavar as mãos, manter distância de outras pessoas e usar máscara ainda ajudam a impedir a propagação.

Até onde se espalhou?

Já é a variante dominante do vírus nas províncias do Cabo Oriental e Ocidental da África do Sul. Outros países, incluindo Áustria, Noruega e Japão, também registraram casos.

O Reino Unido detectou duas pessoas com a variante sul-africana — uma em Londres e outra no noroeste da Inglaterra. Ambas tiveram contato com pessoas que viajaram para a África do Sul

O que o Reino Unido está fazendo a respeito

O Reino Unido proibiu voos diretos da África do Sul e impôs restrições a voos para o país. Qualquer pessoa que tenha viajado para lá recentemente, e qualquer pessoa com quem ela tenha entrado em contato, está sendo orientada a ficar em quarentena imediatamente.

Cientistas e autoridades de saúde pública estão estudando a variante e vão compartilhar suas descobertas em breve

"Estamos realizando um trabalho prioritário para entender o risco potencial que essa variante pode causar. É importante dizer que atualmente não há evidências de que essa variante cause doenças mais graves, ou que a vacina regulamentada não protegeria contra ela", afirma a epidemiologista Susan Hopkins, consultora médica chefe de covid-19 da Public Health England (PHE), agência ligada ao Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido.

Texto de Michelle Roberts - Editora de Saúde, BBC News


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