Prof.Taciano Medrado
Nunca antes na história, o PT se saiu tão mal na disputa pela
Prefeitura de São Paulo. O candidato a prefeito pelo partido, Jilmar Tatto,
teve apenas 8,65% dos votos válidos —com 99,92% das urnas apuradas. É menos do
que foi obtido por todos os candidatos a prefeito do PT em São Paulo anteriores
a Tatto. Até então, a pior marca tinha sido os 16,7% de Fernando Haddad em
2016, na esteira do impeachment de Dilma Rousseff e da Operação Lava Jato.
A derrota histórica do PT em São Paulo é concomitante à ascensão
de outra força de esquerda —algo que nunca tinha acontecido na maior cidade do
país. Guilherme Boulos (PSOL) obteve 20% dos votos válidos e vai ao segundo
turno com Bruno Covas (PSDB).
Na noite de domingo, Tatto declarou apoio a Boulos no segundo
turno. A mudança das peças no tabuleiro da esquerda foi turbulenta. Desde antes
da definição do nome do candidato do PT, em maio, até a reta final das
eleições, setores da esquerda advogaram pela criação de uma frente única em São
Paulo, encabeçada por Boulos. Com o fracasso da ideia, um número crescente de
filiados e apoiadores do PT passou a pregar o "voto útil" no candidato
do PSOL.
Uma das últimas movimentações nesse xadrez político veio de São
Bernardo do Campo. Depois de votar, o ex-presidente Lula declarou que o PT
consultou Tatto sobre uma possível desistência, em prol de Boulos, dias antes
da eleição. "O candidato [Tatto] disse: 'Eu vou continuar
candidato'", disse Lula. "Ninguém poderia dizer o que ele deveria
fazer. Era uma coisa dele”.
Em números absolutos, Tatto recebeu 460 mil votos. Esse número o
coloca no sexto lugar da corrida pela Prefeitura de São Paulo, atrás de Covas,
Boulos, Márcio França (PSB), Celso Russomanno (Republicanos) e Arthur do Val
Mamãe Falei (Patriota).
A única vez em que o PT não tinha ficado em uma das duas
primeiras posições em São Paulo foi em sua primeira disputa, em 1985, logo que
as eleições municipais nas capitais voltaram a ser permitidas pela ditadura.
Dali em diante, o PT sempre havia sido uma das duas maiores forças políticas de
São Paulo.
Futuro do partido
Apesar da divergência interna, Tatto foi o candidato que mais
recebeu dinheiro do PT nas eleições 2020. Foram R$ 4,9 milhões de Fundo
Eleitoral e Fundo Partidário. Essa quantia faz de Tatto o oitavo candidato que
mais obteve recurso público em todo o país, de acordo com os dados
disponibilizados até agora pelo Tribunal Superior Eleitoral. Já Boulos teve R$
2,7 milhões
Em relação a tempo de TV, Tatto teve 1 minuto e sete segundos,
enquanto Boulos teve 17 segundos. Se, por um lado, a ida de Boulos ao segundo
turno muda o jogo de forças na esquerda, de forma desfavorável para o PT, por
outro, é um alívio para o petismo.
Segundo um ex-ministro do governo Lula, o PT seria visto como o
responsável caso a esquerda ficasse de fora do segundo turno em São Paulo. E
ficar de fora do segundo turno na principal capital do país significa perder
força na disputa política nacional.
Quadros petistas ouvidos pela reportagem dizem esperar que a
experiência de São Paulo ajude os partidos de esquerda a se entenderem em uma
frente única no futuro. "Eu acho que a experiência dessa campanha poderá
levar o PT, assim como os demais partidos progressistas, a considerarem uma
união prévia, como era a minha sugestão primeira", afirma Eduardo Suplicy,
um dos primeiros a sugerirem uma frente de esquerda em São Paulo para as
eleições 2020, ainda em 2019.
Outro membro do PT paulista diz esperar que o resultado do
primeiro turno em São Paulo ajude a mudar o cenário de "divisão na
esquerda". Já o deputado federal Alexandre Padilha, que foi pré-candidato
a prefeito de São Paulo pelo PT, mas acabou vencido por Tatto, diz achar que o
petismo é maior do que foi demonstrado nas urnas. "O resultado eleitoral
de Jilmar Tatto não expressa a força do petismo na cidade de São Paulo, por
todas as dificuldades e limites que teve na campanha. Um candidato que é
desconhecido e teve pouco tempo para se tornar conhecido", diz
Com informações da UOL
Para ler outras
matérias acesse, www: professortacianomedrado.com
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