Créditos da foto: Luis Arce Catacora, candidato
à Presidência da Bolívia pelo Movimento Ao Socialismo (MAS), de Evo Morales
(Vice-presidência/BOL)
Da redação
Prof. Taciano Medrado
O candidato de esquerda Luis Arce, do partido
do ex-presidente Evo Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), líder nas
pesquisas de intenção de voto nas eleições bolivianas, afirmou que a decisão do
tribunal eleitoral do país de não divulgar os resultados da contagem preliminar
neste domingo (18) é "irresponsável" e que "desgasta a imagem do
país no exterior".
Ainda assim, afirmou que o MAS não pretende
polemizar nem estimular protestos, e sim que aguardará de modo "pacífico e
respeitoso" o resultado final da eleição. O tribunal, por sua vez, estima
que este será divulgado apenas na próxima sexta-feira (23).
A dois dias de completar um ano desde a eleição
presidencial de 2019, os bolivianos voltaram às urnas para tentar colocar fim a
um longo, violento e instável processo de sucessão.
Sorridente e despreocupado, Arce afirmou em uma
entrevista coletiva que está tranquilo quanto ao resultado e sem temor de que
haja distúrbio social. "Os bolivianos somos pacíficos e estamos votando
para recuperar nossa democracia, isso é uma boa notícia e temos de manter a
calma.
Ele recebeu jornalistas estrangeiros na manhã
deste domingo, na sede do MAS em La Paz, logo depois de votar. "Nós temos
o nosso sistema de contagem próprio, e somos o único partido que tem presença nacional.
Temos delegados em todas as mesas do país, são mais de 80 mil pessoas
fiscalizando as eleições, portanto estamos confiantes de que podemos garantir
uma observação plena da votação.
O candidato afirmou, ainda, que o MAS começará
a divulgar sua contagem própria a partir das 20h deste domingo (21h no Brasil),
horário a partir do qual é permitido. Também a partir deste momento serão
divulgadas bocas-de-urna de meios de comunicação e institutos privados
"Ou seja, haverá disparidade e um monte de
resultados esta noite. Uma confusão. Só não vamos ter nada de oficial, ou seja,
é uma irresponsabilidade da parte deles, quem sai desmoralizado é o
tribunal", acrescentou.
Ainda sobre este tema, Arce disse: "Se nós
fizemos quatro simulações nacionais de voto nos últimos meses e estamos seguros
de que podemos divulgar resultados preliminares, porque o tribunal não fez seu
trabalho e só descobriu ontem, no fim do dia, que o sistema deles não tem como
ser eficaz? Que não aguenta carregar todos os dados? Creio que simplesmente
faltou responsabilidade, faltou preparar-se, como nós estamos nos preparando.
Lembrem-se de que essa eleição era para ocorrer em maio, eles deveriam ter tudo
isso pronto em maio. E não descobrir um dia antes que há falhas técnicas de seu
sistema
E complementou: "O presidente do tribunal,
Salvador Romero, disse que essas eleições são muito importantes, e que por isso
não divulgariam preliminares. Mas, se são tão importantes, em vez de dizer
isso, deveriam ter trabalhado para que não tivéssemos esse problema de última
hora.
Arce reforçou que o MAS não apoiaria
manifestações violentas nos próximos dias. "Nós nunca chegamos ao poder
com armas e com sangue, sempre foi com o voto. E vai ser assim agora, também.
Se querem colocar obstáculos, provocar-nos, nós não vamos cair nesse jogo".
Grande parte dos institutos sugere que o
resultado da votação levará a um segundo turno entre Arce, ex-ministro da
economia de Evo, e seu principal rival, o ex-presidente Carlos Mesa.
A divulgação ágil do resultado é essencial para
dar credibilidade ao processo, mas isto não ocorreu em 2019. Primeiro, o hoje
ex-presidente Evo concorria de modo controverso a um quarto mandato, contra o
que diz a Constituição boliviana e contra um referendo popular que ignorou.
Segundo, depois de as urnas serem fechadas, a
contagem rápida dos votos foi suspensa no momento em que a apuração, em 80% do
total, apontava para um segundo turno entre Evo e Mesa. O órgão eleitoral só
voltou a contar no dia seguinte, com outro método, que deu vitória em primeiro
turno ao então presidente.
Na noite deste sábado, o tribunal eleitoral boliviano decidiu
que não seria realizada a contagem rápida. A corte alegou que somente haverá a
contagem voto a voto, que "gera mais certeza".
Com informações do G1
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