foto reprodução internet/Google
Da: Redação
Prof.
Taciano Medrado
Ex-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do
Estado do Rio (Fecomercio-RJ), Orlando Diniz, afirmou, em colaboração premiada,
que o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz,
usou dinheiro recebido por empresas de fachada para financiar sua campanha à
presidência da OAB do Rio, em 2014.
A informação foi publicada pela CNN Brasil, que teve acesso ao documento
que possui cerca de 50 páginas.
Na delação, Diniz indicou que Santa Cruz lhe pediu dinheiro "em
espécie" na campanha. Ele, então, teria dito que não possuía os recursos.
Por conta disto, eles teriam acertado um contrato de fachada entre a Fecomércio
e um indicado de Santa Cruz para efetuar o contrato, Anderson Prezia, no valor
de R$ 120 mil. De acordo com Diniz, os serviços nunca foram prestados.
"QUE, como naquele momento o colaborador estava com poucos
recursos, ele e Felipe Santa Cruz acordaram de fazer um contrato com Anderson
Prezia Franco, cujo objeto seria consultoria e assessoria jurídica para a
contratada, a Fecomércio, QUE o objetivo era apenas promover uma transferência
de recursos a Felipe Santa Cruz; QUE os honorários de Anderson Prezia foram, no
valor bruto, R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), QUE Anderson Prezia não
prestou serviços efetivamente, uma vez que as causas já estavam cobertas por
outros escritórios”, diz parte da colaboração.
Diniz também garantiu que Prezia era o "homem da mala" do
atual presidente da OAB. "QUE esse contrato foi firmado com o único
objetivo de repassar recursos para as campanhas internas de Felipe Santa Cruz
na OAB, no valor de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais); QUE se tratou de
transferência de recursos para campanhas e foi um primeiro movimento, uma
espécie de “gesto de boa vontade”; QUE, o colaborador, então, entendeu que
Anderson Prezia Franco era o “homem da mala” de Felipe Santa Cruz e apenas face
ao pedido direto de Felipe Santa Cruz ao colaborador é que o contrato foi
assinado”.
Num dos trechos do documento, Diniz comentou sobre como era importante a
aproximação de Santa Cruz, para, então, conseguir ascensão à Confederação
Nacional do Comércio. Segundo com ele, um dos sindicatos do Rio fazia oposição
ao comando da Fecomércio e passou a ser controlado por Santa Cruz.
"QUE segundo o diretor da Fecomércio Napoleão Veloso, presidente do
Sindicato de Gêneros Alimentícios do Rio de Janeiro, predominantemente formado
por supermercados, e também segundo o advogado Carlos Américo Pinho, que
prestava serviços para Napoleão Veloso, este novo grupo que assumiu o sindicato
de empresas era liderado por Felipe Santa Cruz; QUE Felipe Santa Cruz havia
orquestrado a derrubada da família Mata Roma e estava “mandando” no sindicato
por intermédio de interpostas pessoas; QUE Napoleão Veloso reclamava muito da
postura de enfrentamento deste grupo com os supermercados representados pelo
sindicato por ele”.
O ex-presidente da Fecomercio-RJ foi preso em fevereiro na Operação
Jabuti, desdobramento da Lava Jato. As investigações apontam que ele mais de R$
100 milhões em contratos irregulares com escritórios de advocacia, com objetivo
de se manter no comando da federação. Segundo a publicação, esta delação é
considerada fundamental para que a Lava Jato avance sobre advogados e tribunais
superiores.
Procurada, a defesa de Diniz disse que só se manifesta nos autos do
processo. O Ministério Público Federal não quis se manifestar.
Em nota, Santa Cruz afirmou que “rechaça com veemência as ilações
mentirosas dessa delação fantasiosa”. “Ressalta que nunca pediu qualquer tipo
de apoio para campanha da Ordem ou negociou qualquer serviço com o senhor
Orlando Diniz. Tais mentiras só podem ser interpretadas como retaliação à ação
do dr. Felipe Santa Cruz como advogado do SESC e do SENAC/RJ em processo no
TCU, justamente pedindo ressarcimento dos danos causados pelo delator às
organizações – processo esse em que esse senhor foi condenado a devolver mais
de R$ 58 milhões aos cofres do Sesc e do Senac estaduais por um convênio
ilegal. Está clara a intenção de destruir reputações para tentar escapar de
penas pesadas às quais são submetidos aqueles que, como o pretenso delator,
cometem crimes”, negou.
Prezia, por sua vez, disse não prestou serviços pessoalmente a Diniz “e
sim para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio
de Janeiro, entidade de direito privado (portanto, sem recursos do
Sesc/Senac)”. O escritório foi contratado pela entidade, em 2016, para atuar em
processos trabalhistas no TRT e TST, em agravo de instrumento de recurso de
revista. Naquela data, inclusive, o dr. Anderson Prezia e o dr. Felipe Santa
Cruz não eram sócios. À época, o contato com o escritório foi feito via o
Departamento Jurídico da entidade”, acrescentou.
Para ler outras matérias acesse, www: professortacianomedrado.com
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