Padre Robson Oliveira é suspeito de desviar
dinheiro doado por fiéis — Foto: Reprodução/Instagram
Da: Redação
Prof.
Taciano Medrado
O padre Robson de Oliveira - suspeito de
desviar R$ 120 milhões de doações de fiéis à Associação
Filhos do Pai Eterno (Afipe) - também é investigado por pagar servidores
públicos com dinheiro da entidade para se livrar de informações constrangedoras
sobre ele, segundo relatado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO)
em processo enviado à Justiça.
Sobre isso, a defesa do sacerdote disse que “não houve pagamento a
nenhum servidor”. A defesa informou ainda que o padre Robson foi vítima de
extorsão de dinheiro e que os criminosos já foram condenados e estão presos.
“Todo o material da extorsão foi considerado falso pelo Tribunal de Justiça do
Estado de Goiás”, disse.
A Polícia Civil do Estado de Goiás disse ao G1 que a atual gestão instaurou um procedimento na
Corregedoria da Instituição para "apurar eventual transgressão disciplinar
de policiais civis". A nota disse ainda que o procedimento é
"sigiloso enquanto estiver em andamento, razão pela qual não serão
prestadas maiores informações".
O documento não esclarece
quais eram as "informações comprometedoras" a respeito do padre, no
entanto, a defesa do religioso afirma que se refere ao caso da extorsão de R$
2,9 milhões feitas por um hacker, que,
segundo a decisão da Justiça, tinha um romance com o padre e ameaçava expor
casos amorosos do sacerdote.
A
investigação da chantagem foi o que deu início à suspeita de lavagem de
dinheiro da Afipe. A rede de desvio de doações envolve imobiliárias, empresas de comunicação, postos de
combustíveis e até o vice-prefeito de Trindade Gleysson
Cabriny de Almeida (PSDB), conforme denúncia do Ministério Público do Estado de
Goiás (MP-GO).
Processo investiga negociações de fazendas,
avião e até casa de praia vendida para a Afipe — Foto: Reprodução/Fantástico
Em nota, a defesa do
vice-prefeito disse que ele realizou negócios com a associação, mas todos foram
lícitos, declarados e registrados. A nota informa ainda que Cabriny não foi
alvo de busca e apreensão, nem intimado para qualquer ato, mas está à
disposição das autoridades.
A defesa do padre disse
que todos os negócios da associação "são contabilizados e
documentados". Robson sempre negou que tenha desviado
dinheiro de fiéis doados à Afipe. Ele afirma que criou essa e outras entidades
com nomes similares a partir de 2004, com o objetivo de proporcionar auxílio na
vivência da fé e propagar a devoção ao Divino Pai Eterno.
O religioso era responsável pela administração do Santuário Basílica de Trindade, um dos maiores do Brasil, mas se afastou das funções temporariamente para colaborar com o MP-GO.
Investigação de desvio de doações
Nas investigações, o MP-GO encontrou evidências de centenas de compras e vendas de imóveis em nome da Afipe em que a entidade parece ter sido prejudicada financeiramente. Tais situações implicaram nos seguintes crimes investigados:
Apropriação indébita
Lavagem de dinheiro
Falsificação de documentos
Sonegação fiscal
Associação criminosa
Também há nos relatos da investigação várias empresas cujos sócios eram quase sempre os mesmos, quase sempre usando o mesmo contador. As vendas dos imóveis e outras transações financeiras aconteciam entre essas companhias e a Afipe.
Ao todo, os repasses para
empresas de comunicação somam R$ 456 milhões. Esses pagamentos também são
investigados, segundo os promotores, por não terem afinidade com o objetivo
final da Afipe, que é proporcionar auxílio na vivência da fé e propagar a
devoção ao Divino Pai Eterno.
Investigação suspeita que dinheiro que seria usado para a construção da nova Basílica de Trindade foi desviado — Foto: Reprodução/Fantástico
A irmã do padre, Adrianne de Oliveira Pereira, é
investigada como possível “laranja” do irmão. Segundo o MP-GO, ela mora em um
imóvel de luxo que pertence à Afipe e aparece nas apurações como participante
de 24 operações imobiliárias. O G1 não
conseguiu identificar quem é responsável pela defesa de Adrianne para pedir um
posicionamento.
Outra mulher da confiança
dele e que trabalhou por anos na Afipe também é apontada como “laranja”. Celestina Celis Bueno, de 59 anos, aparece nos
autos da investigação como dona de pelo menos três emissoras de rádio,
ex-proprietária de um avião e de uma casa luxuosa na praia, além de já ter
recebido R$ 4 milhões. Advogada de Celestina, Cláudia Seixas disse que não irá
se manifestar, em respeito às investigações.
Para ler outras matérias acesse, www: professortacianomedrado.com
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