foto ilustração internet
Da
Redação
Prof.Taciano
Medrado
Na tentativa de aumentar a chance de uma
reeleição em 2022, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reavaliou a
estratégia de se manter afastado das disputas municipais deste ano. Em conversas
reservadas com deputados bolsonaristas, o presidente, que inicialmente
havia decidido não apoiar candidaturas a prefeito, reconheceu na semana passada
que está disposto a subir em palanques nos municípios no segundo turno.
De acordo com relatos feitos à Folha por dois
aliados políticos, apesar de demonstrar ainda resistência, o presidente não
descarta respaldar nomes já no primeiro turno, caso seu apoio se mostre crucial
para garantir a vitória de um aliado. O objetivo de Bolsonaro, de acordo
com assessores presidenciais, é garantir que sua campanha à reeleição conte com
apoios regionais de peso, sobretudo em capitais como São Paulo, Rio e Porto
Alegre.
Na sexta-feira (28), em mensagem nas redes
sociais, Bolsonaro escreveu que decidiu não apoiar nenhum candidato a prefeito
no primeiro turno das eleições municipais e afirmou que não se filiará a
nenhuma legenda neste ano. A mensagem, segundo aliados do presidente, foi
publicada para tentar diminuir sobre ele a pressão de candidatos que têm feito
romaria diária ao Palácio da Alvorada em busca de uma foto ou de um
vídeo para divulgação.
Nos bastidores, no entanto, o presidente tem
adotado retórica diferente. Os aliados do presidente apontam, porém, que ele já
deixou claro que não tomará partido caso os dois favoritos sejam filiados a
siglas que apoiam a gestão federal e caso o candidato alinhado à sua gestão
tenha problemas judiciais.
O presidente quer evitar tanto uma cobrança
futura por eventuais escândalos municipais de corrupção como um mal-estar em
sua base aliada que possa comprometer votações de interesse do governo.
Assessores lembraram que Bolsonaro deve evitar cometer o mesmo erro do apoio na
última disputa ao ex-juiz Wilson Witzel (PSC), eleito graças ao apoio do
presidente para o cargo de governador do Rio.
Na sexta-feira (28), Witzel foi afastado da
função por 180 dias por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sob
suspeita de irregularidades em contratações em meio à pandemia do coronavírus.
O apoio considerado mais garantido de Bolsonaro nas eleições municipais é à
reeleição de Marcelo Crivella, do Republicanos, no Rio de Janeiro. O principal
adversário do bispo licenciado da Igreja Universal é o ex-prefeito
Eduardo Paes (DEM). Além de ser crítico do presidente, Paes é do mesmo partido
de Mandetta, ex-ministro e desafeto político de Bolsonaro, e conta com o apoio
do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com quem Bolsonaro protagonizou
quedas de braço.
Aliados de Maia, porém, dizem que o apoio a um
adversário do candidato do presidente da Câmara pode ser uma medida arriscada,
já que a pauta da Casa e dezenas de pedidos de impeachment estão nas mãos dele
até o início de fevereiro, quando deixará o posto. Em São Paulo, o favorito do
presidente é o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos-SP), que
deve disputar com o prefeito Bruno Covas, aliado do governador João Doria,
ambos do PSDB. Segundo assessores presidenciais, Bolsonaro considera a capital
paulista um posto-chave para a sua reeleição.
No ano passado, o presidente se animou com uma
eventual candidatura do apresentador José Luiz Datena, pelo MDB, e cogitou apoiá-lo.
O jornalista, no entanto, passou a criticar Bolsonaro e já desistiu de disputar
um mandato neste ano. O antigo partido do presidente, o PSL, deve lançar a
deputada federal Joice Hasselmann. Bolsonaro disse a assessores palacianos que
não apoiará, em hipótese alguma, a parlamentar, que rompeu com ele no
ano passado.
Em Belo Horizonte e em Porto Alegre, deputados
bolsonaristas apontam a possibilidade de apoios do presidente a Bruno Engler,
do PRTB, e a Sebastião Melo, do MDB. Em Fortaleza, Bolsonaro tem simpatia pelo
deputado federal Capitão Wagner (PROS), mas o próprio parlamentar já refutou a
alcunha de candidato do presidente Em Curitiba, por sua vez, disputará a
prefeitura o deputado estadual Fernando Francischini (PSL), aliado de Bolsonaro
e um dos coordenadores de sua campanha presidencial em 2018. "O presidente
vem falando que não vai entrar no primeiro turno. Eu acho que ele está correto
em manter a base aliada", disse Franschini à Folha de S.Paulo.
Na última quarta-feira (26), o presidente se
reuniu com deputados aliados do PSL para discutir a sua eventual volta à
legenda. No encontro, porém, ele disse que só tomará uma decisão em 2021, caso
não seja possível viabilizar a criação da Aliança pelo Brasil.
Na reunião com integrantes da sigla, o
presidente disse, segundo deputados presentes, que só irá retornar à legenda se
forem afastados desafetos políticos, como os deputados federais Junior Bozzella
(SP), Joice Hasselmann (SP) e Delegado Waldir (GO).A proposta não foi bem
aceita pelo dirigente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE). "Este
PSL que ele conversou não é o PSL. São aqueles renegados. Isso [o regresso de
Bolsonaro] não vai acontecer, ainda mais se ele impuser condições",
disse senador Major Olímpio (PSL-SP), outro ex-aliado de Bolsonaro.
Além do PSL, o presidente avalia ingressar no
PTB, do ex-deputado federal condenado no escândalo do mensalão Roberto
Jefferson, ou no Republicanos, partido em que estão filiados seus filhos mais
velhos, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (RJ).
Jefferson repaginou o PTB para dar-lhe um verniz mais conservador e já foi ao
Planalto conversar com Bolsonaro e distribuir a última versão do
programa da legenda.
Fonte: FolhaPe
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