Para o homem, não há
substância química mais importante do que a água. O ciclo vital no planeta
depende dela, tanto em quantidade quanto em qualidade. É preciosa em sua
utilidade, na manutenção da saúde, da higiene e da qualidade de vida. A questão
do tratamento de água, portanto, é um item prioritário dentro saneamento. Ela
tem relação com o tratamento do esgoto, já que a captação da água em geral é
realizada em rios ou represas, de águas superficiais ou poços perfurados, para
atender a demanda da população e industrial. Se estiverem contaminadas, mais
caro é o tratamento e maiores riscos têm a população.
Todo o sistema está
inter-relacionado, conforme explica a a engenheira ambiental Amanda Rodrigues
Inácio, pesquisadora da Unicamp, mestre em Engenharia Civil - Saneamento e
Ambiente e coordenadora do Sistema de Gestão Ambiental do Senac Campinas. “É
dos rios e córregos que coletamos água para tratá-la e torná-la potável (quando
a cidade possui estação de tratamento de água). Além do esgoto não tratado que
é lançado em rios, temos também situações onde resíduos sólidos são depositados
em recursos hídricos. Isso acontece, geralmente, em cidades onde a Política
Nacional de Resíduos Sólidos não está sendo atendida e não possuem um aterro
sanitário.“
A poluição dos rios, portanto, torna mais lento o processo de levar
a água de boa qualidade aos cidadãos. “Quando não há tratamento de esgoto e
coleta e destinação de resíduos sólidos, estamos poluindo a água que deveria
ser limpa e ter qualidade para utilizarmos. Consequentemente, o tratamento da
água desse rio será mais trabalhoso e custará mais também”, completa a
professora.
Razões políticas Segundo o SNIS de 2017, 83,5% dos brasileiros são
atendidos com abastecimento de água. Isso significa que há outros 16,5%,
totalizando quase 35 milhões de brasileiros que não são atendidos por este
serviço básico.
No Brasil a regulamentação e monitoramento da potabilidade da
água são feitos pelos governos federal, estadual e municipal. Também há
legislações que determinam a vigilância sobre poluição ambiental na água e
efluentes industriais, técnicas de reuso, entre outras. A água tratada tem
recebido adição de flúor, o que reduz em 65% a incidência de cáries na
população.
Segundo levantamento da
ANA (Agência Nacional de Águas), responsável pela fiscalização e classificação,
71% das águas brasileiras são consideradas de boa qualidade.
A questão é que,
nos centros urbanos, as águas, provenientes de rios com nascentes distantes,
até mesmo na região amazônica (onde se
concentra a maior parte destas águas), estão, em geral, em péssimas condições.
Exemplo disso é o rio Tietê, que é limpo em áreas próximas à nascente e
depósito de esgoto na capital paulista.
Condições técnicas para reverter essa
situação já existem há algum tempo, segundo a professora Amanda. “O fato de o
tratamento de água ainda não ser acessível a todos é motivado por razões
orçamentárias e políticas. Mas uma causa pode ser totalmente descartada: falta
de conhecimento ou de opções de técnicas de tratamento.”
Neste sentido,
técnicas eficientes são as mais custosas, segundo ela. “Temos formas de tratar
a água que são extremamente eficientes e que custam mais, como os sistemas por
membranas de ultrafiltração, mas também temos técnicas que são aplicáveis a
regiões ou países que possuem menos recursos financeiros e que apresentam
resultados satisfatórios. É necessário que haja esforços políticos para que o
tratamento de água e efluentes possa ser disseminado no nosso país”, afirma.
Estágios de tratamento A ANA é a agência que também viabiliza esse serviço para
uma empresa. Mas as próprias empresas precisam também pagar pelo serviço, já
que a água é um bem de domínio público, limitado e de valor econômico, segundo
estabelece a Lei das Águas, de 1997.
Os estágios para o tratamento da água são
a captação, a adução e filtragem. Após retirada dos rios ou poços (captação), a
água pode ser transportada para duas direções, neste processo de adução. Uma é
para a ETA (Estação de Tratamento de Tratamento Água) ou, já tratada, para um
sistema de distribuição.
As formas de transporte
em geral são por gravidade (no conduto forçado, a água escoa sob pressão
superior à atmosfera) ou recalque (transporte em adutoras por meio de
bombeamento).
Na filtragem, ela chega em geral 95% livre de impurezas. Mas o
processo é concluído, com tratamento por filtros em que são utilizados areia,
carvão ativado e pedregulhos, antes dos testes finais para aferir a turbidez, o
PH (acidez), o nível de cloro, temperatura, alcalinidade, metais e a cor. A
questão do esgoto na água também influencia na diminuição da disponibilidade de
água.
Crises recentes de escassez de chuva e esvaziamento dos reservatórios já
colocaram em xeque a gestão dos governos e a forma de consumo da população. Não
importa se o país possua recursos hídricos abundantes. A crise hídrica, que já
teve início em algumas regiões, ameaça a todos, inclusive o Brasil, que está
vendo suas reservas de água potável diminuírem.
Entre as causas estão o aumento
do consumo, do desperdício, da proliferação de esgotos e resíduos tóxicos e
efeitos do aquecimento global, que poluem as águas superficiais e subterrâneas
do País.
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